O dropshipping híbrido se tornou um dos modelos mais eficientes para marcas que querem validar produtos rapidamente sem abrir mão de controle, qualidade e escala.
Em vez de depender apenas do dropshipping tradicional ou de migrar totalmente para estoque próprio, esse tipo de drop combina o melhor dos dois mundos: testes ágeis com baixo risco e uma operação estável para produtos vencedores.
A SunKids, loja de dropshipping mais antiga do Brasil, presente no digital, no varejo físico e em outros países, é um dos maiores exemplos de como o dropshipping híbrido pode escalar um negócio pequeno.
No PodEmpreender, os fundadores da marca de óculos infantis, Pietro Pasqualini e Aníbal Riveros, explicam como evoluíram do drop para uma estrutura capaz de abastecer B2B, coleções exclusivas e expansão internacional.
A seguir, você entende como funciona o dropshipping híbrido da SunKids em 7 passos, com contexto de bastidor e visão operacional.
Qual o conceito de dropshipping híbrido?
O que a SunKids chama, na prática, de dropshipping híbrido, não é só “fazer drop e ter estoque ao mesmo tempo”. É um fluxo contínuo em que cada estágio alimenta o seguinte:
- testar produtos novos com dropshipping internacional, sem imobilizar capital;
- observar números, reclamações, elogios, pedidos e recorrência;
- transformar os melhores produtos em estoque nacional;
- evoluir isso para versões exclusivas e, mais adiante, produção própria;
- operar, ao mesmo tempo, com envio internacional (para testes e alguns países) e envio nacional (para produtos campeões);
- abastecer B2B e varejo físico com previsibilidade;
- usar esse arranjo para entrar em outros países com risco controlado.
Aníbal define assim: “Não é um modelo estático. É um caminho. O produto nasce no drop e, se provar valor, vai ganhando camadas até virar parte da marca.” Assista o episódio completo do PodEmpreender:
Agora, vamos destrinchar esse caminho.
1. Teste inicial com dropshipping internacional
O ponto zero de quase tudo na SunKids continua sendo o dropshipping tradicional: fornecedor na China, envio direto para o cliente final, prazos maiores (12 a 15 dias no Brasil) e risco financeiro muito baixo.
Mas o papel desse drop não é “faturar rápido”. É coletar dados. O que eles observam nessa etapa:
- Aceitação visual: quais cores chamam mais atenção? Qual modelo gera mais comentários?
- Adesão por idade: certas armações funcionam melhor em crianças menores, outras em pré-adolescentes.
- Feedback em atendimento: pais elogiam conforto? Reclamam de tamanho? Falam de quebra?
- Resposta de mídia: quais criativos geram clique barato, CTR alto, salvamentos, compartilhamentos?
Pietro explica como usou isso desde o primeiro óculos: “Eu vi um modelo com milhares de pedidos, quase tudo de brasileiro. Testar em drop foi minha forma de ver se isso era só moda do AliExpress ou algo que poderia virar marca.”
Na prática, o dropshipping híbrido começa aqui: o produto entra pelo caminho mais barato e mais rápido para responder uma pergunta simples — vale a pena ir além disso?
2. Identificação clara dos produtos vencedores
Muita loja de drop se perde nesse ponto: confunde produto que virou hype por 30 dias com produto que pode sustentar uma marca. A SunKids só considera um item “vencedor” quando ele passa por vários filtros ao mesmo tempo:
- Desempenho consistente de conversão, não só em um criativo, mas em vários.
- CPA que não explode quando você escala orçamento.
- Baixo volume de reclamações recorrentes sobre o mesmo ponto (como encaixe ou conforto).
- Sinais de recorrência: mães comprando para mais de um filho, comprando de novo para presentear, pedindo o mesmo modelo em outra cor.
- Aderência à proposta da marca: protege? é flexível? tem “cara” de SunKids?
Aníbal comenta no episódio: “Produto vencedor, para nós, é o que continua vendendo quando a poeira baixa. Quando o anúncio não é mais novidade, e mesmo assim a mãe escolhe aquele modelo.”
Esse filtro tem uma consequência importante: nem tudo que vende bem em drop vai para o estoque nacional. Só o que faz sentido dentro da visão de marca segue para o próximo passo do drop híbrido.
3. Nacionalização dos produtos campeões
Quando um modelo passa nos filtros, a SunKids decide “trazer esse produto para casa”: sai apenas do fluxo do dropshipping internacional e entra em estoque nacional. Essa transição muda o jogo em vários pontos:
- Logística: o prazo deixa de ser 12–15 dias e cai para poucos dias.
- Experiência do cliente: menos ansiedade, menos “cadê meu pedido?”, menos pressão sobre o suporte.
- Percepção de marca: entregar rápido reforça que aquilo não é um “produto da China”, é algo da SunKids.
- Novo canal: sem estoque nacional, não existe possibilidade real de vender para lojistas físicos, óticas e B2B.
Pietro explica a dor que forçou essa decisão: “No drop, eu não conseguia emitir nota fiscal do jeito que o lojista precisava. Para vender para a loja, eu precisava ter o produto no Brasil, com operação formal.” Na prática, essa fase do dropshipping híbrido envolve:
- negociar lotes mínimos com o fornecedor;
- dimensionar a compra com base em dados (não em esperança);
- planejar o tempo de importação (eles falam de 3 meses de janela);
- organizar espaço físico e time para recebimento, conferência e envio.
Ou seja: o drop híbrido só funciona porque o estoque nasce apoiado em dados que o próprio drop forneceu.
4. Desenvolvimento de produtos exclusivos a partir dos dados
Com o produto no Brasil e a operação rodando, começa uma camada mais avançada do dropshipping híbrido: usar tudo o que foi aprendido na fase de teste + estoque para criar versões exclusivas e isso vai muito além de trocar cor. Alguns exemplos de decisões que aparecem no episódio:
- Modelagem pensada para criança: materiais flexíveis, resistentes, confortáveis, que aguentem “vida real” de parque, escola, praia.
- Estampas e licenciamento: parcerias com criadores como Natam Por Aí, Enaldinho, Maria Clara & JP — modelos que existem só na SunKids.
- Acessórios e experiência de unboxing: caixinha que remete a Apple, cartão de teste de polaridade que vira brincadeira, mensagens que envolvem a criança.
Aníbal conta um hábito que mostra bem de onde vêm essas decisões: “Quando vejo uma criança usando SunKids na rua ou na praia, eu paro, converso com os pais, pergunto o que eles mais gostaram e o que melhoraria. Isso não vem do AliExpress, vem da vida real.”
O drop híbrido, nessa etapa, se transforma em um ciclo de feedback contínuo:
- o drop mostra o que tem demanda;
- o estoque nacional mostra se o produto segura operação;
- o contato com pais e filhos dita como aprimorar;
- a marca desenvolve versões cada vez mais “SunKids” e menos “genéricas”.
5. Como a SunKids opera dois fluxos logísticos ao mesmo tempo
No dropshipping híbrido, a SunKids trabalha com dois fluxos simultâneos — cada um com uma função clara. Essa divisão permite testar com velocidade, entregar com qualidade e reduzir riscos ao longo do caminho.
Fluxo internacional: laboratório de testes contínuo
O envio internacional continua ativo mesmo depois que a marca cresce. Sua função não é volume, mas aprendizado. Nele, a SunKids testa:
- novos modelos e cores;
- variações estruturais;
- temas e combinações lúdicas;
- comportamento do público em campanhas iniciais;
- sinais de tendência antes de assumir estoque.
Pietro explica: “Enquanto o estoque vende os nossos modelos fixos, o drop me mostra o que pode ser o próximo.”
Esse fluxo existe para levantar hipóteses e gerar dados com baixo custo. Tudo que chega ao estoque nacional começa por aqui.
Fluxo nacional: base para crescimento e previsibilidade
Quando um produto se prova no drop, ele entra no fluxo nacional. Aqui, o objetivo não é testar — é garantir estabilidade. O estoque no Brasil sustenta:
- entregas rápidas;
- campanhas de escala;
- kits, combos e edições especiais;
- envio para influenciadores;
- atendimento ao varejo físico e B2B.
Essa parte da operação exige planejamento mais robusto, como previsões de importação de 90–120 dias, conferência de lotes e padronização de qualidade.
Aníbal resume: “O estoque é onde a experiência acontece. É onde o cliente realmente percebe a marca. Os dois fluxos convivem porque cada um cumpre um papel que o outro não consegue cumprir:
- o drop internacional identifica oportunidades rápido;
- o estoque nacional entrega consistência e reputação;
- juntos, criam um ciclo contínuo de evolução do portfólio.
Essa combinação é o fator que mantém a SunKids sempre com algo novo para testar — sem comprometer a experiência de quem compra.
6. Como o modelo de drop híbrido permite expansão para o varejo físico e B2B
A entrada da SunKids em pontos de venda físicos só foi possível porque a marca operava no modelo híbrido. O varejo exige condições que uma operação 100% em dropshipping não consegue oferecer:
- entrega previsível;
- nota fiscal adequada;
- reposição rápida;
- padronização de cor, tamanho e embalagem;
- volumes maiores e frequentes.
O estoque nacional resolve isso. Mas é o drop que garante que os produtos enviados ao varejo não sejam apostas cegas. Eles chegam ao lojista depois de:
- testados digitalmente,
- validados em conversão real,
- ajustados a partir do feedback de pais,
- refinados com base em objeções recorrentes.
É o híbrido que transforma um produto que vende bem no digital em um item que se sustenta na prateleira. Pietro comenta: “No físico, você precisa ter o básico: produto disponível. O híbrido garantiu isso todos os meses.”
Com isso, a SunKids mantém hoje uma presença significativa em lojas infantis, óticas e multimarcas — algo impossível sem esse equilíbrio entre drop e estoque.
7. Como o modelo híbrido sustenta a internacionalização da marca
O último estágio do dropshipping híbrido na SunKids é a expansão internacional. E, novamente, os dois fluxos cumprem papéis complementares. Antes de qualquer investimento maior, a marca utiliza o drop internacional para:
- testar aceitação cultural;
- validar preço;
- entender objeções típicas de pais em outros países;
- analisar se o design tem aderência local;
- observar prazos e taxas alfandegárias.
Isso reduz completamente o risco de entrar em um mercado que não responde. Somente quando há sinais consistentes de demanda é que a SunKids passa a trabalhar com:
- micro-estoque local (como no Chile);
- parceria com distribuidores (como parte da operação argentina);
- adaptações de um portfólio enxuto, baseado nos produtos validados no Brasil.
Esse processo evita que a marca invista cedo demais em estruturas pesadas no exterior. Aníbal explica a lógica: “Cada país tem um ritmo. O híbrido deixa a gente entrar com leveza e ajustar sem pressa.”
Além disso, a Internacionalização é vista como desdobramento natural, não salto arriscado. O dropshipping híbrido faz a expansão ser:
- gradual,
- financeiramente saudável,
- orientada por dados,
- ajustada à cultura de cada país,
- e com risco drasticamente reduzido.
A marca não “aposta” em países — ela os valida, adapta e só depois escala.
O que o case SunKids ensina sobre dropshipping híbrido?
O case da SunKids deixa claro que o dropshipping híbrido funciona quando cada etapa cumpre sua função: o drop valida, o estoque entrega e o processo conecta os dois.
A operação não cresce por abandonar o drop, mas por usar o modelo certo no momento certo. O resultado é simples: velocidade para testar, consistência para escalar e estrutura para expandir.
Como Aníbal comenta no episódio: “O híbrido foi o que transformou a SunKids em marca — não só em loja.”










